terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ser mãe solteira



Desde sempre eu sonhava em ser mãe, mas eu sempre tive tanto relacionamento loser, que falava aos 4 ventos que se eu não encontrasse um bom marido, teria um filho por produção independente.Simples assim.

Aí um dia encontrei o cara que sempre sonhei, casei e engravidei. Fiquei muito feliz porque além do filho que eu sonhava, ainda consegui o "bônus" de ser com um homem que eu realmente amava muito.

Conforme Theo foi crescendo, se desenvolvendo, eu fui desenvolvendo meu conceito família e pensando que pena seria uma criança de produção independente, pois não há nada mais lindo do que uma criança feita de amor e feliz daquele que tem essa sorte.

E eu que estava toda feliz, toda serelepe pimpona achando que no quesito amor e família eu tinha dado sorte na vida, descobri que a realidade era outra. Ele errou, eu descobri, chorei uma noite inteira, tomei coragem e me separei no dia seguinte.Errar é humano, perdoar é divino e não, não sou Deus, assumo: ainda não evoluí o bastante para perdoar.

Assim, descobri e venho descobrindo que o maior desafio das mães solteiras não é a falta de um companheiro, como eu imaginava quando via as mães solteiras. As maiores dificuldades que tenho como mãe solo são outras.

1) Me culpo.

Sim! Mãe e sua terrível mania de se culpar até pelo erro dos outros, mas é verdade. Tem dias que me culpo por não ter aceitado o erro do meu ex marido, engolido a seco e seguido a vida fingindo estar feliz, porque se eu conseguisse isso, tudo seria mais fácil, mas não...sou osso duro de roer, como dizem por aí. Terminei meu relacionamento na velocidade da luz e sem pensar 2 vezes.

2) Sofro pelo meu filho.

Eu sofri pelo fim do meu relacionamento uma semana, chorei litros, emagreci, fiquei com diarreia, vomitei e me levantava da cama pela manhã só por obrigação.E sobrevivi. Como mulher sofri uma semana, como mãe sofro todos os dias ainda.Porque me rasga o coração quando vejo a alegria que Theo fica quando está com o pai, por poucas horas que seja, porque ele não terá mais o pai convivendo com ele, pois para mim há uma diferença enoooorme do pai que esta presente no dia a dia, conta histórias, toma café junto,busca na escola, pergunta como foi o dia e o pai de fim de semana. Para mim, por mais que a criança veja o pai, é bem diferente após a separação. Muda tudo. E sofro porque não sonhei pro meu filho um pai de fim de semana, sonhei um pai de dia a dia e acho que meu filho não merecia isso, nem o filho de ninguém.

3) Ter que ser mais rígida, obrigatoriamente.

Confesso que nunca fui firme, sempre fui bunda e Theo sapateava na minha cabeça e meu objetivo era deixar a rigidez para o pai. Eu seria a policial boa e o pai o policial rígido.Me fu, pois hoje não posso passar a peteca da rigidez para ninguém, em casa agora sou eu e mais eu e apenas eu e aí fiquei mais firme e menos tolerante, afinal, pai de fim de semana não tá todo dia educando e a educação agora é 100% comigo e eu não posso mais deixar Theo sapatear na minha cabeça como antes. Isso me incomoda porque não faço o tipo rígida, sou mole, daquela que grita, dá esporro, põe de castigo e vai chorar no banheiro porque na verdade não queria tá fazendo nada daquilo.

4) Não ter com quem dividir as conquistas do filho.

Não posso ligar pro pai do Theo cada vez que ele fizer uma gracinha bonitinha ou falar uma palavra nova como eu fazia antes. Agora eu comemoro sozinha, rio sozinha e guardo pra mim, sem ter com quem dividir. E isso é ruim pra caraca.

5) Tá. A parte prática também é complicadinha, porém menos que a parte emocional.

Na parte prática eu nunca mais soube o que é tomar um banho tranquilo a noite quando tinha mais alguém em casa para olhar Theo. Meus banhos são rápidos e é só eu abrir o chuveiro que escuto choros imaginários e desligo e corro molhada pro quarto e Theo dorme super bem. Ou seja, se até choro imaginário escuto a coisa tá feia...Outro dia tomei banho e coloquei a mesma roupa suja, a mesma calcinha suja e fui dormir. No dia seguinte que percebi o que fiz, quando vi a roupa limpinha separada...

6) Medo do meu futuro amoroso.

Claro que eu pretendo ter um novo relacionamento no futuro, mas se eu já era seletiva e chata, agora piorou, pois para trazer uma pessoa para minha vida, significará trazer uma pessoa para vida do meu filho e esse mundo tá cheio de gente estranha. Como confiar em alguém? Morrerei solteira? Ficarei pra titia? Tenso.Porque beleza eu tenho e oportunidades também, mas tendo filho o assunto fica muito sério, não é qualquer pessoa. Como saber?

Enfim, vamos nos acostumando a nova rotina, pouco a pouco, dia a dia, com força e fé.