terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BC: Ser gentil vale a pena


Antes de tudo, adorei o tema! Já queria escrever sobre gentileza há algum tempo.

Tive o Theo em uma maternidade pública do Rio de Janeiro, Maternidade Carmela Dutra, no Lins, já que estava sem plano de saúde na época. Lá era permitido visitante em tempo integral, mas apenas até as 18 hs. Como meu filho nasceu de madrugada eu passei a noite toda sozinha [sem nenhum parente] com o Theo recém nascido e chorando muito sem que eu soubesse como agir. Desesperador é pouco para uma mãe de primeira viagem..
No mesmo quarto que eu estava uma mulher, que tinha tido o quarto filho [coragem!] e era tão humilde que nem roupa o recém nascido dela tinha, nem malinha, nem nada. O bebê dela em vez de roupinhas ficava enrolado em lençóis, isso até eu a conhecer, pois quando a conheci dei algumas roupinhas do Theo para o bebê dela imediatamente.
Essa mulher me marcou, pois foi ela que no meu desespero sem saber como agir com um recém nascido que não parava de chorar, sem ter parentes por perto na madrugada, me ajudava de forma tão carinhosa, como se há tempos me conhecesse. Ela poderia simplesmente dormir, pois o bebê dela dormia muito, era quietinho, mamava e dormia, mas ela ficava lá me ensinando como pegar meu filho todo molengo, como colocá-lo na barriga para cólicas, até trocar fraldas do meu filho ela trocava, foi ela que me ensinou os primeiros cuidados com o Theo, ela que me trazia água quando eu começava a chorar de saudades do meu marido e da minha casa, ela que me ensinou como colocar Theo para arrotar e a posição de amamentar.
Essa mulher, que aliás, me confessou que era ex moradora de rua, foi tão gentil comigo que até hoje me impressiono! Eu estava fragilizada, sem ninguém conhecido nas madrugadas [fiquei 3 dias no hospital], com um bebê que me apavorava de tão magrinho e com dores devido aos pontos que levei e ela estava lá, também tinha tido um filho, mas estava melhor que eu, cuidou de mim e do meu filho, sem nada em troca, com delicadeza e nem me conhecia.
Não tenho contato com ela hoje, pois ela não tinha celular, nem telefone em casa, mas sempre que lembro dela vibro positivo, desejando saúde, felicidades e o melhor para essa pessoa que tanto me ajudou no momento mais importante da minha vida. A sensação que tenho é que Deus a colocou lá de propósito, que ela foi enviada por Ele, pois sua presença foi muito significativa e essencial nos meus primeiros dias de mãe.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Segurança de mãe

Sempre que meu filho acorda e se vê sozinho no quarto ele chora, daí, basta eu chegar perto do berço para ele sorrir. Não preciso cantar, brincar, ou nada. Ele apenas me vê e sorri.
Há pouco tempo ele chorava na rua quando passava um carro ou moto barulhenta. Tomava um sustão e chorava. Agora isso só acontece se ele tiver no carrinho, porque no meu colo ele toma o susto, mas me agarra com força e não chora.
Essas situações me fizeram pensar o quando ele se sente seguro comigo. Fico feliz com isso mas ao mesmo tempo com pena, pois, tadinho, ele deve me achar super poderosa e mal sabe que sou uma mulher insegura, que chora com qualquer febre dele e passa mal quando ele toma vacinas. Ele não tem a menor noção que até uma mariposa me faz sair correndo e ligar para o pai dele perguntando que horas vai voltar para expulsá-la daqui de casa, mal sabe que nem vejo filmes de terror porque, na altura dos meus 28 anos, me impressiono com filmes de terror e, sim, tenho pesadelos.
Comecei a pensar sobre isso, até que lembrei da minha mãe. Em 2010, quando precisei ser operada de emergência por conta de um aborto tubário eu liguei para ela correndo. Ela estava viajando e eu liguei chorando porque eu seria operada. Eu, sempre frouxa, chorava de tristeza, mas principalmente de medo. Ela veio imediatamente, mas chegou quando eu tava entrando na sala de cirurgia. Aí minha médica começou a cirurgia e disse: "Sua mãe já chegou aí" Ufa! Só isso já me acalmou 90%..Como assim?? Não era minha mãe que ia me operar, ela nem tava na sala, eu nem tinha a visto, mas só de saber que ela estava lá pronto. Me senti mais segura.
No meu parto [normal e sem anestesia] eu senti tanta dor que achei que ia morrer. Nunca tinha sentido aquilo, mas eu olhava para ela do meu lado e pensava: "Ah! Se acontecer qualquer coisa minha mãe tá aqui, então menos mal."
Isso me fez concluir que, segurança de mãe, é um laço eterno, sem limite de idade. Nos sentimos forte na presença das mães e nem ao menos paramos para pensar o porquê, imagina nossos bebês..
Minha mãe também deve ter medos e inseguranças mas eu nem as enxergo, as vezes até duvido que ela os tenha, porque para mim, basta ela estar perto que "resolve tudo". É só a coisa ficar feia que me vem o famoso 'quero minha mãe!'
É assim que devo ser para o Theo, a segurança dele, a pessoa que ele busca quando acha que qualquer coisa está errada. E, pensando melhor, mesmo com todas as minhas inseguranças, sou sim, a mulher mais forte do mundo quando se trata da proteção do meu filho e com apenas 5 meses, ele já sabe disso!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Namoro de madrugada


Escuto o choro e tento não acreditar.
Meu corpo dói de tanto cansaço.
Quando enfim consigo me deitar,
você me chama com fome.

Pensamentos invadem minha cabeça:
"Por que só as mulheres podem dar de mamar?", 
"Que injustiça o pai poder dormir e a mãe não!",
"Isso só pode ser um teste de resistência!",
"Dorme filho, pelo amor de Deus, não me faz levantar.."

Consigo unir todas as minhas forças,
Te tiro do berço e imediatamente você começa a mamar.
Torço para que seja rápido, para poder me deitar de novo.
Mas, de repente, está lá: Seus lindos olhos a me olhar.

Seu olhar é tão direto, tão forte que parece tentar falar
o que sua boquinha ainda não é capaz.
Parece enxergar além de uma mulher cansada que te alimenta.
Impossível também não te olhar.

Começo a admirar seu rosto, seus dedinhos, sua boquinha,
seus poucos cabelos desalinhados, seu corpinho perfeito.
E de uma hora para outra o cansaço vai embora, sou tomada por outro sentimento.
É o orgulho de poder te saciar, o orgulho de ser a resposta para suas necessidades,
o orgulho de poder me doar, o orgulho de ser essa mulher que dá de mamar.

Na noite seguinte, escuto seu choro de novo.
Junto todas as minhas forças para poder te atender.
Não, isso não é mais um esforço para mim.
Não vou apenas me levantar para te alimentar.
Agora me levanto para te namorar.




terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O verdadeiro sentido das palavras




Descobri o verdadeiro sentido da palavra alegria quando soube que dentro de mim crescia um menino.

Descobri o verdadeiro sentido da palavra ansiedade quando os intermináveis 9 meses eram contados para poder ver seu rosto pela primeira vez.

Descobri o verdadeiro sentido da palavra dor quanto senti o quanto meu corpo se esforçava para fazer você nascer.

Descobri o verdadeiro sentido da palavra gratidão quando sua avó e tia me ensinaram a cuidar de você, tão pequenininho e frágil.

Descobri o verdadeiro sentido da palavra angústia quando você chorava de madrugada por cólicas sem que eu pudesse cessa-las.

Descobri o verdadeiro sentido da palavra amor quando notei que meu amor pelo seu pai aumentou depois que ele se tornou pai do meu filho.

E assim descubro, dia após dia, a cada sorriso seu, a cada manha sua, a cada choro, a cada brincadeira, o verdadeiro sentido da palavra mãe, e que este sentido me cabe, me supre, me completa.